Em uma iniciativa pioneira, na zona industrial de Móstoles, perto de Madri, na Espanha, fica o primeiro reator do mundo a produzir querosene usando energia solar.

O projeto chamado Sun-to-liquid é uma iniciativa de pesquisadores da Espanha, Alemanha, Suíça, Holanda e Eslovênia, com financiamento de recursos da União Europeia. Seu objetivo é a produção de combustível sem emissões de CO2, usando menos espaço e recursos que, por exemplo, o bioquerosene.

Para o processo Sun-to-liquid, são necessários apenas luz solar, água e dióxido de carbono (CO2). Se o CO2 utilizado for extraído previamente do ar, os poluentes produzidos pela queima do combustível podem posteriormente ser compensados. Assim, o combustível torna-se neutro em carbono.

As modernas tecnologias à disposição atualmente ainda não permitem movimentar aviões e navios usando energia elétrica porque eles são muito pesados. As baterias necessárias seriam enormes e pesadas. Por isso, ainda não há como abandonar combustíveis como o querosene. Diante desse cenário, o querosene neutro em carbono se tornou interessante até mesmo para pesquisadores do Japão e da Croácia, que visitaram a inovadora usina na Espanha.

 

Como funciona

Mais de 160 espelhos direcionam a luz do sol ao reator, que foi construído numa torre de 20 metros de altura. A câmara do reator é aquecida a cerca de 1500 °C – uma temperatura sem precedentes. Com a ajuda de um catalisador, é produzido então um gás sintético a partir de água e do CO2 extraído do ar.

Especialistas da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO, na sigla em inglês) estimam que a demanda de querosene até o ano de 2050 aumente seis vezes, chegando a 860 milhões de toneladas por ano. Ao mesmo tempo, cresce a pressão política no comportamento de consumo geral como medida para tentar conter o aquecimento global.

O diretor alemão do projeto em Móstoles, Christoph Falter, do centro de pesquisa Bauhaus Luftfahrt e.V., calcula o custo de produção do querosene sintético em cerca de dois euros por litro. Isso é quatro vezes mais do que o preço de venda de querosene tradicional, que custa 50 centavos de euros. “Sobre seu preço não é cobrado imposto, diferentemente do combustível para carros”, acrescenta Falter.

A equipe do projeto espera que essa diferença de preço seja compensada em breve por meio de um imposto, um certificado de comércio ou por uma cota para combustível alternativo. “Considerando que os custos externos da degradação ambiental dos combustíveis convencionais não estão sendo levados em conta, há um bom motivo para a introdução de tais medidas”, opina Falter.

 

Fonte: Deutsche Welle/Climatempo